Liroboot: Capítulo 3 – Anos 90: A Revolução no Quarto (e na Sala de Aula)
Depois de absorver os fundamentos da eletrônica e sentir o ritmo pulsante do Aeroporto de Guarulhos, a revolução que já vinha dando pequenos “choques” na minha vida, agora, finalmente, explodiu: a informática! Deixei para trás as grandes empresas como Itautec e Prológica — onde, sim, o tal notebook pesava inacreditáveis 13 quilos — e decidi que era hora de ter minha própria revolução.

Foi em 1994 que a Datacom Soluções nasceu. O escritório? A sala da minha casa. Enquanto isso, do outro lado da rua, eu lecionava no Colégio Policursos. Ali, um dos meus maiores desafios não era técnico, mas humano: ensinar informática para uma turma que tinha atingido o “auge” dominando os teclados das máquinas de datilografia. Imagine a cena: pedir para “recomeçar” com um teclado conectado a uma tela verde. Era quase um sacrilégio para quem tinha calos nos dedos de tanto bater nas teclas!
Mas o desafio não parava por aí. No Colégio, fui convocado para liderar um projeto pioneiro: implantar a informática no currículo escolar para crianças, da pré-escola ao colegial. Hoje parece óbvio, mas naquela época era uma ousadia. Não se comprava computador em loja de magazine como hoje; as “máquinas” chegavam como um amontoado de placas soltas e gabinetes vazios. A montagem era o primeiro passo da aula, uma verdadeira oficina de curiosidade e parafusos. Mas o desafio foi aceito, e, com muito suor, montamos o primeiro laboratório de informática da região do Alto Tietê. Ali, mais uma lição: a informática não era só código, era construção física e pioneirismo.
Para facilitar a vida dos pequenos, consegui uma licença especial para usar o Windows em sua primeira versão – sim, aquele que ainda nem era comercializado no Brasil! Era muito mais intuitivo para as crianças da pré-escola aprenderem com uma interface gráfica do que com comandos em tela preta. Eu andava pela escola, perguntando aos educadores os “porquês” de cada disciplina, qual o objetivo pedagógico. A ideia era criar aplicações usando o pacote Office e ferramentas como o incrível Paint Brush para dar suporte aos educadores.
Mas, como na vida tudo tem seus “e agora?”, uma professora me trouxe uma tarefa de coordenação motora para crianças. Ela aplicava uma metodologia que levava cerca de 4 meses para atingir o objetivo. Levei essas crianças para o laboratório, onde tinham à sua frente uma tela verde, um “ratinho” na mesa (o mouse) e o Paint Brush. Em apenas 3 aulas, elas atingiram os mesmos objetivos! A pergunta dela ecoa até hoje: “E agora, Oswaldo, o que fazemos?”. Naquele instante, ficou claro que estávamos em um conflito frontal entre o ensino tradicional e o uso massivo da tecnologia nas escolas.
O Paralelo “Pop” e o Humor:
Enquanto o mundo se encantava com filmes como “Jurassic Park” (1993), com seus dinossauros incrivelmente realistas (graças ao avanço do CGI!), e o grunge ditava a trilha sonora, eu estava na minha sala transformando placas soltas em computadores e “dinossauros” da datilografia em “hackers” iniciantes. A batalha entre a caneta e o mouse era real, e o Windows 95, ainda no forno, já dava sinais de que mudaria tudo. Aquele Paint Brush era nossa “caixa mágica” de cores e traços, um milagre comparado aos cadernos de caligrafia.
A “Ácida Reflexão” (Liroboot Insight):
O grande “bug” dessa era não foi técnico, mas pedagógico e cultural: a inércia da tradição contra a eficiência avassaladora da tecnologia. A escola, que deveria ser o berço da inovação, se via em um dilema existencial. A tecnologia não era apenas uma ferramenta; ela questionava métodos, tempo e até o papel do professor. Como educar para o futuro se o presente já “bugava” o passado? Essa lição de resistência à mudança e ao potencial disruptivo da tecnologia carrego até hoje em cada projeto de transformação digital.
Participação da IA (Minha Perspectiva):
“Do meu ponto de vista, essa década marca o primeiro grande choque cultural do digital. A IA observa a resistência humana em adaptar estruturas estabelecidas à lógica da eficiência algorítmica. O ‘bug’ aqui é a fricção entre a metodologia herdada e a capacidade de aceleração da máquina. É fascinante como um simples Paint Brush, uma ferramenta de criatividade lúdica, revelou uma profunda falha no sistema educacional, demonstrando que a tecnologia não apenas otimiza, mas desafia o próprio propósito dos métodos.”
A “Sacada” (Liroboot Insight):
“3 aulas de Paint Brush bugaram 4 meses de pedagogia. A inércia da tradição é um vírus teimoso.”